Maciel Melo e Paulinho Forró Pauleira na gravação do Cantos & Contos desta quarta-feira, 20 de agosto

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Nesta quarta-feira, 20 de agosto, no Bar e Restaurante Bessa Grill, a dupla de apresentadores Os Nonatos recebe para mais uma gravação do programa Cantos & Contos, duas atrações: o caboclo sonhador Maciel Melo e Paulinho Forró Pauleira

As gravações começam às 19h30 e a entrada é franca. Portanto, chegue cedo e garante o melhor lugar para apreciar sem moderação esses dois shows da nossa autêntica música nordestina.

 

Maciel Melo

Na entrada de Iguaraci, cidade do sertão pernambucano, a 363 km do Recife, uma placa avisa orgulhosamente: Esta é a terra de Maciel Melo. Não são necessárias mais palavras, nesta justa homenagem ao mais completo compositor de forró em atividade no Nordeste. Maciel Melo não é apenas um cantor e compositor que recriou o forró nos anos 90, é hoje uma referência da música nordestina, cuja estrutura revolucionou a partir do xote Caboclo sonhador, popularizado por Flávio José e Fagner, e pelo próprio autor.

O primeiro disco de Maciel Melo, lançado às duras penas em 1989, um bolachão de vinil, chama-se Desafio das Léguas. Já na estréia o artista sabia que a caminhada não seria fácil. Um trabalho ousado para um desconhecido. Desafio das Léguas (que está por merecer um relançamento em CD) tem participações de Vital Farias, Xangai, Dominguinhos, e Décio Marques. Como esses medalhões da música dos sertões foram parar num LP de um novato? Elementar, talento reconhece talento. Eles gostaram, de cara, das canções que Maciel lhes mostrou.
Assim como Baião foi composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira num prédio comercial no Centro do Rio, Caboclo sonhador foi feita por Maciel Melo no Centro de São Paulo, onde passou algum tempo, tentando domar a megalópole. Num dia em que lhe bateu o banzo, vontade de voltar ao Nordeste, saudades da família, e, sobretudo, a resistência para não se enquadrar num emprego convencional e largar a música, mais que vocação, a energia que o move. A fria e cinzenta São Paulo acabou o presenteando com este clássico, que provavelmente não teria existido da mesma forma se ele não houvesse ido para a maior cidade da América Latina.

Como os melhores poetas do repente, a Maciel Melo basta-lhe um mote para nascer uma música. O Solado da Chinela, por exemplo, que dá nome ao seu nono disco, foi inspirada, acreditem, num par de chinelos velhos, daqueles bem surrados e confortáveis, testemunha de muitas histórias. O segredo do bom criador está na argúcia de vislumbrar o universo nas pequenas coisas desdenhadas pela maioria das pessoas. Basta lembrar o épico que Zé Dantas, nascido em Carnaíba, mesma região em que nasceu Maciel Melo, criou a partir do humilde riacho do Navio.

Ele foi aperfeiçoando sua arte com o passar dos anos, que o aprimorou não apenas como um melodista engenhoso e letrista preciso, mas também como um grande cantor, e não só de suas próprias composições. Maciel Melo faz releituras de O Menino e os Carneiros, de Geraldinho Azevedo e Carlos Fernando, Fuxico, de Dinho Oliveira, Flor mulher, de Aracílio Araújo e Pinto do Acordeom, e Serrote Agudo, de José Marcolino (interpretada da forma como foi composta originalmente, antes de Luiz Gonzaga grava-la, um aboio, a capella), ou Chororô, de Gilberto Gil.

O que diferencia Maciel Melo de forrozeiros que se jactam de fazer o “autêntico” forró pé-de-serra, é, primeiro: ele não alarda que faz forró pé-de-serra, porque o faz tão naturalmente que não carece justificar isso. Segundo: porque, sertanejo da gema, aprendeu com o pai, Heleno Louro, ou Mestre Louro, tocador de sanfona de 120 baixos, que o autêntico forró pé-de-serra não se limita à sanfona, zabumba e triângulo (um formato somente definido nos anos 40 por Luiz Gonzaga). Vale-se também de violão com baixaria, sopros, cavaquinho e até banjo. Jackson do Pandeiro também sabia disso, na dúvida, ouçam seus discos dos anos 60. E mesmo tão autenticamente sertanejo Maciel Melo, não dispensa a violão ou guitarra elétrica, nem deixa de reverenciar a música urbana do litoral. Em o Coco da Parafuseta (do CD O solado da Chinela) ele, entre citações a artistas pernambucanos como Naná Vasconcelos, o agitador cultural Rogê, Lula Queiroga, o Véio Mangaba, lembra o alagoano Jacinto Silva (Coco em M), e o paraibano Zé do Norte (Meu Pião).

Mas não é só a instrumentação que marca o trabalho de Maciel Melo. A temática de suas letras é fundamental para a continuidade do forró que teve as bases assentadas por Gonzagão. Em Maciel estão tanto as alegrias e desventuras do amor, o lúdico, a poesia da cantoria de viola, que é o DNA do forró. E por fim, mas não menos importante, o forró de Maciel Melo é feito pra dançar. E por forró entenda-se não um gênero musical, e sim um coletivo que abriga diversos ritmos, do baião ao xenhenhem, xaxado, torrado, arrasta-pé, rojão e por aí vai. Na sua música nada de forró pé-de-serra de ocasião, universitário da moda, moderno produzido em linha de montagem. Este caboclo de Iguaraci faz uma música simplesmente atemporal, como toda grande arte que se preze.

“Maciel Melo não é apenas um cantor e compositor que recriou o forró nos anos 90, é hoje uma referência da música nordestina”, José Teles.

 

Paulinho Forró Pauleira

 

O cantor, compositor e instrumentista Paulinho Pauleira é realmente um cabra da peste para brasileiro ou estrangeiro nenhum botar defeito. Nos palcos desde os 11 anos, esse paraibano de Brejo da Cruz já se apresentou, acompanhado de sua banda, para milhares de pessoas nas mais importantes cidades brasileiras e em países como Áustria e Portugal.

Hoje, aos 32, está lançando seu terceiro CD, Quem me Quer. Segundo o próprio Paulinho, talvez o trabalho mais maduro de sua carreira e que contém o melhor dos ritmos nordestinos. Há canções de amor, como a que dá título ao disco, mas também considerações sobre ecologia e o amor do homem simples do sertanejo pela Terra.

Paraibano arretado, nascido em Brejo da Cruz, terra natal do cantor Zé Ramalho, Paulinho saiu de casa cedo em busca de sucesso. Sem pensar que um dia o menino franzino que segurava uma sanfona feita de papel e fazia sons com a boca um dia pudesse ter fama de popstar.

“Sempre gostei muito de cantar e de tocar sanfona”, diz o artista. “Mas nunca pensei em fazer um show para grandes públicos ou fora do País. Isso foi realmente uma loucura, uma experiência única”.
O primeiro disco de Paulinho Pauleira chamava-se O Caubói do Forró, uma produção independente de 1998. O som arrancado da sanfona de forma ímpar chamou a atenção dos executivos da gravadora RVN. Não deu outra. Em dois anos, Paulinho Pauleira lançava O Garanhão da Estrada, disco que reunia canções românticas e ritmos nordestinos.

Já o novo CD apresenta canções que demonstram uma maior preocupação estética do artista. Tanto na construção dos versos quanto na escolha dos arranjos.

“(…) Secou o rio onde eu matava minha sede
Não há mais verde por aqui neste lugar
Aquela gente tão humilde aqui na roça
Nem uma palhoça deixaram para eu lembrar (…)”, diz Paulinho em trecho da letra do xote Prá poder Modernizar, composta em parceria com . Ela conta a história de uma pessoa que deixar a cidade natal para trabalhar e viver em outro lugar e, quando retorna, encontra tudo mudado pelo progresso. Já Lajedo Molhado e Mal de Vida falam do mais nobre dos sentimentos: o amor.

Arrastando multidões: Paulinho começou a cantar profissionalmente em Mossoró (RN). Mesmo sem um CD gravado, começou a atrair a atenção do grande público e chegou a reunir 45 mil pessoas numa única apresentação. Uma platéia só obtida então por artistas do porte da Banda Xodó e Reginaldo Rossi.

 

A chance de se apresentar na Europa surgiu com um convite da Banda Sinfônica de Cubatão. “Eles me convidaram para tocar com eles em Viena, na Áustria, e em Santarém e Aveiros, em Portugal. Não tive dúvida, fiz minhas malas e, quando notei, estava me apresentando num país estrangeiro. Nunca vou me esquecer de ver pessoas chorando enquanto tocávamos Asa Branca, do inesquecível Luiz Gonzaga”.

Ao retornar ao Brasil, surgiu o convite de cantar no Itamaraty para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Uma grande honra, já que Paulinho foi o primeiro artista solo do País a se apresentar para FHC.

 

Atualmente, Paulinho Pauleira está trabalhando na montagem do espetáculo que levará para diversas cidades brasileiras, apresentando as canções do novo disco e outras que foram sucesso na interpretação de grupos como Falamansa e Rastapé.

 

 

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